"Dinheiro não há"
de Ernâni Alvarenga
"Lá vem ela chorando
O que que ela quer?
Pancada não é já dei
Mulher da orgia quando começa a chorar
Quer dinheiro, dinheiro não há
Carinhos eu tenho demais pra vender e pra dar
Pancada também não pode faltar
Mas dinheiro, isso não dou a mulher
Faço descer à terra o céu e as estrelas se ela quiser
Mas dinheiro não há..."
"Lá vem ela, chorando
O que que ela quer?
Pancada não é, já dei"
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Samba de terreiro
Anónimo
"Vai fingida
Pois foi você que arruinou
A minha vida (vai fingida) (bis)
Eu lhe dei casa e comida
Você disse prá outras nêgas
Que eu lhe dava boa vida (bis)
Mulher que trai o homem
Merece parar na "colônia"
Cabeça raspada e orelha cortada (refrão)
Prá tomar vergonha...."
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"Amor de malandro" (1930)
De Francisco Alves e Ismael Silva:
"Vem, vem
Que eu dou tudo a você
Menos vaidade
Tenho vontade
Mas é que não pode ser
O amor é o do malandro
Oh! Meu bem
Melhor do que ele ninguém
Se ele te bate
É porque gosta de ti
Pois bater-se em quem não se gosta
eu nunca vi"
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"Gol anulado" (1976):
João Bosco - Aldir Blanc (Vascaíno)
Quando você gritou mengo
no segundo gol do Zico
tirei sem pensar o cinto
e bati até cansar.
Três anos vivendo juntos
e eu sempre disse contente:
minha preta é uma rainha
porque não teme o batente,
se garante na cozinha
e ainda é Vasco doente.
Daquele gol até hoje
o meu rádio está desligado
como se irradiasse
o silêncio do amor terminado.
Eu aprendi que a alegria
de quem está apaixonado
é como a falsa euforia
de um gol anulado".
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"Dá Nela" (1929) :
Ary Barroso:
Esta mulher
Há muito tempo me provoca
Dá nela! Dá nela!
É perigosa
Fala mais que pata choca
Dá nela! Dá nela!
Fala, língua de trapo
Pois da tua boca
Eu não escapo
Agora deu para falar abertamente
Dá nela! Dá nela!
É intrigante
Tem veneno e mata a gente
Dá nela! Dá nela!
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"Mulher de malandro" (1932)
Heitor dos Prazeres:
Mulher de malandro sabe ser,
Carinhosa de verdade
Ela vive com tanto prazer
Quanto mais apanha, a ele tem amizade,
(longe dele tem saudade)
Ela briga com o malandro
Enraivecida manda ele andar
Ele se aborrece e desaparece
Ela sente saudade, vai procurar,
(há um ditado muito certo: pancada de amor não dói)
Muitas vezes ela chora
Mas não despreza o amor que tem
Sempre apanhando e se lastimando
Perto do malandro se sente bem,
(êh! meu bem, o malandro também tem seu valor)
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"Mulato de qualidade" (1932):
André Filho escreveu para Carmen Miranda:
Eu lá no morro só de fato, só respeito o meu mulato
Porque ele é mesmo bamba, e é bom no samba
Qualquer parada, ele topa com vontade
É respeitado, quer no morro ou na cidade
E eu gosto dele, porque é um mulato de qualidade
Vivo feliz, no meu canto sossegada
Vivo feliz, no meu canto sossegada
Tenho amô, tenho carinho, oi!
Tenho tudo e até pancada!
Tenho amô, tenho carinho, oi!
Tenho tudo e até pancada!
Onde o batuque tá formado, meu mulato é bem cotado
Porque tem inteligência, muita cadência
Com harmonia, diz um samba de verdade
É alinhado, como os moço da cidade
E eu gosto dele, porque é um mulato de qualidade
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"Já, já" ( 1924):
Sinhô:
"Se essa mulher fosse minha
Apanhava uma surra "já já"
Eu lhe (a) pisava todinha
Até mesmo eu lhe dizê "chegá"
Credo, Cruz!
Vá se rezar
Para tirar
Este azar
O teu cabelinho à inglesa
Eu mandava raspar "já já"
Depois lixava a cabeça
Até ela gritar "chegá"
"
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"Só dando com uma pedra nela"(1932):
De Lamartine Babo
Mulher de setenta anos
já cheia de desenganos
que usa vinte e cinco gramas
de vestido na canela
Só dando com uma pedra nela!
Só dando com uma pedra nela!
Menina que pede esmola
com um corre de ferro imenso
Que pede pra Santo Onofre
pra levar pra São Lourenço
Netinha da cozinheira
A avó já no cemitério
Na hora das três pós de cal
em vez de cal joga pá... nela
Cantora do Instituto
que canta toda semana
Ao escrever no quadro-negro
"Artilharia" Rusticana
Jogai quadro-negro nela!
Jogai quadro-negro nela!
Não tomo de voleibol
Não tomo de basquetebol
com esse meu corpinho assim
eu só tomo é leite Bol
Só dando com uma pedra em mim!
Só dando com uma pedra em mim!
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"Faixa Amarela" (1997) :
Zeca Pagodinho
(...)
Mas se ela vacilar, vou dar um castigo nela
Vou lhe dar uma banda de frente
Quebrar cinco dentes e quatro costelas
Vou pegar a tal faixa amarela
Gravada com o nome dela
E mandar incendiar
Na entrada da favela
(....)
..................
Saudades da Amelia
Nestro Lago- Ataulfo Alvez
Nunca vi fazer tanta exigência
Nem fazer o que você me faz
Você não sabe o que é consciência
Não vê que eu sou um pobre rapaz
Você só pensa em luxo e riqueza
Tudo que você vê você quer
Ai, meu Deus, que saudades da Amélia
Aquilo sim é que era mulher
Às vezes passava fome ao meu lado
E achava bonito não ter o que comer
Mas quando me via contrariado
Dizia: meu filho, o que se há de fazer ?
Amélia não tinha a menor vaidade
Amélia é que era a mulher de verdade
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(Anonimo)
"O que é que eu dou
O que é que eu dou a essa mulher
Se eu dou carinho, diz que não
Se eu dou dinheiro, ela não quer
Já fiz tudo, tudo para lhe agradar
Ela só vive zangada
Sempre de cara amarrada
Será que ela quer pancada?
(...)
Será que Ela quer apanhar"
(...)
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Mentiras de Mulher
Noel Rosa
São mentiras e mulher,
Pode crer quem quiser.
Que eu tenho horror ao batente,
E não sou decente,
Poder crer quem quiser,
Que eu sou fingido e malvado,
E até que sou casado,
São mentiras de mulher.
(bis)
Quando no reino da intriga,
Surge uma briga,
Por um motivo qualquer,
Se alguém vai pro cemitério,
É porque levou a sério,
As palavras da mulher.
(bis)
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Mulher Indisgesta
Noel Rosa
Mas que mulher indigesta!(Indigesta!)
Merece um tijolo na testa
Essa mulher não namora
Também não deixa mais ninguém namorar
É um bom center-half pra marcar
Pois não deixa a linha chutar
E quando se manifesta
O que merece é entrar no açoite
Ela é mais indigesta do que prato
De salada de pepino à meia-noite
Essa mulher é ladina
Toma dinheiro, é até chantagista
Arrancou-me três dentes de platina
E foi logo vender no dentista
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Emilia
"Eu quero uma mulher
Que saiba lavar e cozinhar,
E de manhã cedo,
Me acorde na hora de trabalhar.
Só existe uma
E sem ela eu não vivo em paz.
Emília, Emília, Emília,
Eu não posso mais.
Ninguém sabe igual a ela
Preparar o meu café
Não desfazendo das outras,
Emília é mulher.
Papai do céu é quem sabe
A falta que ela me faz
Emília, Emília, Emília,
Eu não posso mais."
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Cama, Mesa e Banho de Gato
Samba Enredo 1986 -
G.R.E.S. Unidos da Tijuca (RJ)
"
(......)
A hora é essa e vamos admitir (admitir)
Uma só mulher é pouco
Deixa o homem no sufoco
Com tantas que andam por aí
O arroz com feijão
Lá de casa é bom
Mas o cozido da vizinha é melhor (é melhor)
Dizem que eu sou machista
Com pinta de egoísta
Polígamo conquistador
Mas isso vem do tempo do vovô
Lá vai o trouxa
Crente que está numa boa
Mas não sabe que a patroa
Está com o Ricardão
E sua filha tem fama de sapatão"
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*Vou te contar Tintim por Tintim
(Cartola)*
*"Eu fui tão maltratada
Foi tanta pancada
Que ele me deu
Que estou toda doída
Estou toda ferida
Ninguém me socorreu
Ninguém lá em casa apareceu
Mas eu vou ao distrito
Está mais do que visto
Isto não fica assim
Vou contar tintim por tintim
Tudo nele eu aturo
Menos tapas e murros
Isto não é para mim
Ele sai para a orgia
Passa três ou quatro dias
Sem me aparecer
Quando vem está zangado
Está contrariado
E eu não sei porquê
Mas eu agora vou saber
Eu sou tão camarada
A ele não falta nada
Ganha um terno por mês
Ainda agora pancada
Eu parei desta vez
Vou arranjar um português."*
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