Leituras Complementares

quinta-feira, 2 de junho de 2011

Evolução da auto-declaração de raça, de parte de Crianças e Adolescentes


Além da época, do lugar, do contexto institucional e dos objetivos terem variado de estudo para estudo, destacamos também os tipos de pesquisa efetuados: nos demais estudos, perguntou-se "qual a sua cor", sem associação com o termo raça. A pesquisa de Sanjek (1971) ainda se diferencia, pois, ao perguntar "qual a cor de sua pele", pode ter provocado mais respostas "descritivas" no sentido atribuído por Sheriff (2002): alguns participantes podem ter diferenciado tons de pele e outros terem tido um entendimento de cor como tropo para raça.
À maneira dos jovens e jovens adultos baianos que participaram da pesquisa de Sansone (2004), crianças e adolescentes paulistanos que inquirimos tendem a evocar com certa freqüência o termo negro. Além disso, recorrem menos ao eufemismo "moreno" (e suas combinações) para referirem-se a negros, pretos e pardos. Aparentemente, seu vocabulário é mais conciso, ou talvez, mais direto. Porém, não podemos deixar de lembrar que esses alunos haviam vivido a experiência decorrente da incorporação do quesito cor no Censo Escolar 2005.
Os alunos que inquirimos parecem, pois, se afastar dos padrões apontados por Sanjek (1971) por Fazzi (2000) e se aproximar de Soares (2006). Sanjek encontrou um aumento crescente da quantidade de termos usados conforme aumentava a idade dos respondentes e menor uso do termo moreno entre pessoas mais jovens. Neste nosso estudo, não observamos ampliação do vocabulário associada à série escolar (indicador de idade) tampouco maior uso do termo moreno na 4ª série do EF, portanto, entre alunos mais jovens. O padrão, observado por Fazzi (2000), de rejeição aos termos preto/negro e preferência pelo termo moreno entre crianças de 8 a 11 anos, também não pode ser confirmado no nosso estudo. Focalizando exclusivamente as crianças de 4ª série do EF (grupo mais próximo daquele estudado por Fazzi), notamos uso mais freqüente de termos e expressões associados a negro/preto (16,7%) que a moreno (13,1%). Além disso, o termo pardo, ainda nessa série escolar, foi mais evocado que o termo moreno (25% e 13,1% respectivamente). Porém, o termo preto foi muito pouco usado pelos alunos de 8ª série do EF e de 3ª série do EM, contrariamente ao termo negro, freqüentemente usado pelos alunos mais velhos.
Soares (2006) aparentemente também localizou um repertório reduzido de termos (no máximo 11, em decorrência de ter construído a categoria "outros"), um uso mais freqüente do termo pardo que moreno e uma preferência pelo termo negro quando comparado a preto. Além disso, é importante destacar que as respostas dos alunos inquiridos por Soares (2006) variavam bastante de escola para escola. Tal variação, a nosso ver, indica não apenas diferenças na composição racial do alunado, mas também a sensibilidade do repertório racial a condições de contexto: maneirismos, idiossincrasias, modas e trejeitos locais. Tais condições de contexto institucional parecem orientar mais as respostas que a localização geográfica: Fazzi (2000) e Soares (2006) pesquisaram em escolas de Belo Horizonte: Fazzi assinala uma rejeição pelos termos preto/negro e uma preferência pelo termo moreno. Os dados publicados de Soares permitem apreender que em todas as escolas, o termo mais evocado pelos alunos foi pardo, seguido de branco e moreno. O menos usado foi "mulato". Em uma das escolas, sete alunos evocaram o termo moreno e oito, os termos preto e negro.


juan

quarta-feira, 1 de junho de 2011

STF deve julgar cotas raciais até agosto

Ações que discutem o tema foram liberadas pelo relator, ministro Ricardo Lewandowski
O ministro Ricardo Lewandowski, do STF (Supremo Tribunal Federal), liberou nesta sexta-feira (27) para julgamento pelo plenário da Corte a ação que discute a constitucionalidade das cotas raciais para ingresso em universidades públicas. O julgamento ainda não tem data marcada, mas com a liberação do voto do relator a questão pode ser definida já no mês de junho ou logo em agosto, depois do recesso do STF.
Lewandowski é relator de duas ações que contestam a instituição de cotas para negros para ingresso em universidades. Uma das ações foi ajuizada pelo Democratas (DEM) contra a UnB (Universidade de Brasília) e questiona a reserva de 20% das vagas previstas no vestibular para preenchimento a partir de critérios étnico-raciais.

O outro recurso foi apresentado por um estudante que se sentiu prejudicado pelo sistema de cotas adotado pela UFRGS (Universidade Federal do Rio Grande do Sul). Ele contesta a constitucionalidade do sistema de reserva de vagas como meio de ingresso no ensino superior. Ele não foi aprovado no vestibular para o curso de Administração, embora tenha alcançado pontuação maior do que alguns candidatos admitidos no mesmo curso pelo sistema de cotas.

Na ação,o DEM sustenta que a UnB "ressuscitou os ideais nazistas" e que as cotas não são uma solução para as desigualdades no país. "Cotas para negros não resolvem o problema. E ainda podem ter o condão de agravar o problema, na medida em que promovem a ofensa arbitrária ao princípio da igualdade."
De acordo com o partido, sua intenção não é discutir a constitucionalidade das ações afirmativas de forma geral, como política necessária para a inclusão de minorias. Também "não se discute sobre a existência de racismo, de preconceito e de discriminação na sociedade brasileira". O que a legenda quer discutir, de acordo com a ação, é "se a implementação de um Estado racializado ou do racismo institucionalizado, nos moldes praticados nos Estados Unidos, na África do Sul ou em Ruanda seria adequada para o Brasil".

Quando propôs a ação, em julho de 2009, o DEM pediu liminar para suspender a matrícula dos aprovados no vestibular da UnB. O então presidente do Supremo, ministro Gilmar Mendes, rejeitou o pedido .
Segundo o partido, os defensores dos programas afirmativos adotam a Teoria da Justiça Compensatória. Por essa teoria, o objetivo das cotas é o de promover o resgate da dívida histórica que os brancos possuem em relação aos negros. O DEM sustenta, contudo, que não se podem responsabilizar as gerações presentes por erros cometidos no passado e que é impossível identificar quais seriam os legítimos beneficiários destes programas de natureza compensatória.


Audiência pública
Em março do ano passado, o STF fez audiência pública para discutir o tema. A iniciativa de convocar as discussões foi do relator do processo, ministro Ricardo Lewandowski. Durante três dias, 38 especialistas de associações, fundações, movimentos sociais e entidades envolvidas com o tema defenderam e atacaram as cotas raciais.






Além das entidades, políticos, agentes do Estado e figuras do mundo jurídico como o procurador-geral da República, Roberto Gurgel, o presidente nacional da OAB, Ophir Cavalcante Junior, e o advogado-geral da União, Luís Inácio Adams, participaram dos debates.
Depois da audiência pública, o ministro Lewandowski aprovou sete pedidos de entidades para participarem como amici curiae na ação do DEM contra a instituição de cotas raciais na Universidade de Brasília.








juan

domingo, 29 de maio de 2011

Reportagem TV USP sobre presença do negro na mídia

Olá pessoal, segue abaixo reportagem da TV USP sobre presença dos negros na mídia, para aumentar o debate sobre nosso documentário.


Além disso neste link, O negro na dramaturgia, um caso exemplar da decadência do mito da democracia racial brasileira , encontramos um artigo acadêmico sobre o assunto. Não tenham medo, ele é bastante claro!

Por fim, neste blog contraogenocidio.blogspot.com encontramos completo o documentário "A negação do Brasil" citado no texto do link.

Tenham uma boa semana,
Luiz!

sexta-feira, 27 de maio de 2011

Lei 10.639/2003

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Presidência da República
Casa Civil
Subchefia para Assuntos Jurídicos
Mensagem de veto Altera a Lei no 9.394, de 20 de dezembro de 1996, que estabelece as diretrizes e bases da educação nacional, para incluir no currículo oficial da Rede de Ensino a obrigatoriedade da temática "História e Cultura Afro-Brasileira", e dá outras providências.
        O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:
        Art. 1o A Lei no 9.394, de 20 de dezembro de 1996, passa a vigorar acrescida dos seguintes arts. 26-A, 79-A e 79-B:
"Art. 26-A. Nos estabelecimentos de ensino fundamental e médio, oficiais e particulares, torna-se obrigatório o ensino sobre História e Cultura Afro-Brasileira.
§ 1o O conteúdo programático a que se refere o caput deste artigo incluirá o estudo da História da África e dos Africanos, a luta dos negros no Brasil, a cultura negra brasileira e o negro na formação da sociedade nacional, resgatando a contribuição do povo negro nas áreas social, econômica e política pertinentes à História do Brasil.
§ 2o Os conteúdos referentes à História e Cultura Afro-Brasileira serão ministrados no âmbito de todo o currículo escolar, em especial nas áreas de Educação Artística e de Literatura e História Brasileiras.
§ 3o (VETADO)"
"Art. 79-A. (VETADO)"
"Art. 79-B. O calendário escolar incluirá o dia 20 de novembro como ‘Dia Nacional da Consciência Negra’."
        Art. 2o Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.
        Brasília, 9 de janeiro de 2003; 182o da Independência e 115o da República.
LUIZ INÁCIO LULA DA SILVA
Cristovam Ricardo Cavalcanti Buarque
Este texto não substitui o publicado no D.O.U. de  10.1.2003
 

os herois noegro e o livro didatico


Nos didáticos , Zumbi dos Palmares é o  único personagem negro que fez parte da histografia brasileira e lembrado apenas no dia 20 de novembro,  com isso heróis foram esquecidos ou suas verdadeiras origens foram alteradas simplesmente por terem nascido negros.
Em que na verdade os didáticos ocultaram Atores, autores , engenheiros, escritores,esportista,  jornalista ,médicos e músicos. Heróis negros brasileiros:


Adhemar Ferreira da Silva – esportista
Primeiro medalhista ouro do Brasil e também o primeiro brasileiro bi campeão.
Alta de Souza - escritora
“Disse meu pai  a noite baixou mansa nenhuma nuvem se ver lá no  céu
Anunciou aqui no peito meu, onde chorando anegrador descansa’’
Aleijadinho – escultor
Artista mestre do barroco brasileiro.
“Esculpir um evangelho em madeira pedra e sabão”
Andre Rebouças – engenheiro
“Que possui a terra possui a homem”
Antonieta de Barros – professora
 Foi a primeira mulher negra eleita para um cargo na legislação brasileira usou a imprensa para promover idéias feminista.  “Existe o diferente”
Benjamin de Oliveira - Ator e escritor  
Foi considerado o maior palhaço do pais
Chiquinha Gonzaga – pianista
Com o que ganhava comprava alforrias  e foi o primeiro compositor de marchinhas de carnaval
“Eu Não entendo a vida sem harmonia”

Claudinho da Alvorada - jornalista
Foi uns do criador do jornal alvorada um jornal criado por negros para negros
Carolina Maria de Jesus – Escritora e autora
A Catadora de lixo  que virou,  escritora e autora. Seus livros foram publicados em treze países.
“Antigamente trancava o negro na senzala hoje é na favela”
“O Brasil devia ser dirigido por alguém que já passou fome”
Cruz de Souza – escritor
Maior expoente do simbolismo brasileiro ao qual abril as portas para o modernismo e a semana de vinte e dois.
“Embora meus senhores se festejem e liberdade e a gentil fraternidade não raiaram de tudo não”
Elizabeth Cardozo – Doutora antropóloga e mestra em comunicação
A baba que fez mestrado em comunicação e doutora em antropologia seu objetivo era combater o racismo
“Negro tem que ter nome e sobre nome”
Francisco Jose do Nascimento- Dragão do mar
Jangadeiro que liderou o bloqueio do porto do Ceara  quanto a navegação de escravo.
Ganga - Zumba
Organizador de palmares e fundador do movimento negro unificado.

João Candido- Marujo
Marujo que brigou em alto-mar contra escravidão de escravos da marinha brasileira
“Por quatro dias parei o Brasil”
Jose do Patrocínio- Jornalista.
Trabalhou para a abolição promovendo fuga. Também trouxe o  carro para o Brasil  e por um bom tempo foi o único brasileiro a ter um auto móvel .
“A liberdade é mais que a vida”
Jose Correia Leite – jornalista
Diretor e fundador do jornal Clarim e do jornal Alvorada colaborador dos jornais A raça,O mutirão, senzala e Clarim d alvorada.
“O negro é um e ele tem que ser individual  tem que ter bandeira que é a bandeira da luta dele”
Julio Moreira – psiquiatra
Aos trezes anos de idade passou na escola de medicina da Bahia, quando a abolição  havia acabado já tinha publicado trabalhos cientifico na Europa , foi professor da escola de medicina da Bahia , e quando foi diretor de um hospital psiquiátrico humanizou o tratamento abolindo a camisa de força e eliminando as grandes barras de ferro das janelas,
“Só o vicio a absorvência e a ignorância diz não a pasta humana”
Lima Barreto – escritor
“Eu vivo na cidade e a cidade vive em mim”
Luiz Gama – poeta e jornalista
O abolicionista mas atuante em São Paulo
“Só rendo a obediência a virtude e a inteligência”
Machado de Assis- escritor
Fundador e primeiro presidente da academia brasileira de letras.
“O contador de historia foi inventado pelo povo”
Mario de Andrade – teórico modernista  poeta romancista e folclorista
“Devo confessar preliminarmente, que não sei o que é belo nem sei o que é arte”
Milton Santos- geógrafo
O nobre da geografia.
Pixinguinha - compositor arranjador
“Eu cheguei e fui escurecendo o radio”
Teodoro Sampaio – Engenheiro e historiador
Mapeou toda a Chapada diamantina.
“A historia antes de tudo é uma lição de moral.
Zumbi de palmares
Líder de Palmares por cerca de dezenove anos, reunindo trinta mil pessoa entre negro índios e mestiços sendo em grande parte negros.
“É chegada a hora de tirar nossa nação das trevas da injustiça racial”

(...) “A imagem do negro é construída e utilizada nos livros didáticos com o objetivo de manter a vastas camadas da população a se reconhecerem como vitimas históricas potenciais sustentando um conceito homogeneizador  quer da própria escravidão, erradicada de toda a sua complexidade, quer dessas mesmas populações negras constrangidas pela temporalidade e pela distância, a um estado secundário de cidadania, já que historicamente subordinadas pelo atavismo da escravidão que as vitimou”.
( Bonzato, Manual de Contra História na anti –Moderna,2008)




 Não queremos colocar os negros na posição de vitimizados, mas queremos e devemos mostrar que todos têm direitos e posições dentro da sociedade a qual estamos inseridos que se apresenta tão desigual, o material didático deve ter a finalidade de auxiliar o docente e o  educando em buscar de reflexões em que se perceba que o preconceito foi introduzido em nossa historia através de ideologias criadas para favorecer a classe dominante que é constituída pelos burgueses que desvalorizaram a cultura negra.

(...)“ Se entendemos que o preconceito foi encetado como um projeto de dominação, já que a mera exclusão de um importante continente de pessoas do universo do trabalho não foi suficiente para erradicá-las, então podemos, lutar contra ele, pois é histórica  sua  constituição e não natural, não fruto das relações sociais tecidas durante os mais de trezentos anos de escravidão, mas projeto ideológico imposto às gerações posteriores com o apoio de instituições poderosos e de ferramentas de poder no alvorecer da República. (Bonzato, Manual de Contra História na anti –Moderna,2008)     

                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                   
Em História, será necessário que se trate de dados de países afros, de modo a valorizar suas relações com o Brasil. Em Literatura, o movimento de negritude e de países africanos de língua portuguesa são assuntos a serem tratados. Mesmo já existindo essas ações afirmativas, ainda não podemos encontrar nas escolas, discussões sobre as relações etnica-raciais e as diversidades do Brasil.
Por isso, é necessário esclarecer os futuros educadores sobre o conteúdo específico da história e da cultura afro-brasileira e africana sem estereótipos e principalmente sobre a metodologia adequada para a aplicação desse conteúdo em sala de aula, em um processo que deve levar o professor independente de sua etnia a refletir sobre a importância da África e do afro-brasileiro que possui dentro de si mesmo. A aplicação da Resolução 10.639/03 representará uma conquista do movimento negro e da sociedade brasileira em constitui um importante instrumento para superar, valorizar e enriquecer a cultura nacional.

Para que o material encontrado tenha sua real função é imprescindível que o educador tenha uma formação qualitativa a respeito da necessidade e importância da introdução da histografia e cultura africana no processo de  ensino-aprendizagem dos educando.
Podemos dizer que atualmente é possível encontrar biografias que mostram a diversidade que há não só no âmbito nacional, mas como em todo mundo, o livro editado pela UNICEF Brasil com o titulo crianças com você, aborda a diversidade que há no mundo e tem como objetivo criar uma cultura receptiva e consciente e dar inicio a um longo processo destinado a tornar o mundo mais justo , mas para que essas e outras biografias passem a ser trabalhadas de forma significativa é preciso que a comunidade escolar esteja preparada para quebrar barreira de estigmas e estereótipos,  impregnados a séculos em nossa sociedade.    
O material didático não e democratizado pois um número relevante de instituições educacionais  não tem  acesso a esse material, para que ele seja suficiente para suprir toda a esfera escolar é importante que  as autoridades dêem a  importância devida em reformular os conteúdos didáticos com investimento em livros que tenham a historia do negro fazendo parte da histografia brasileira sem a divisão que encontramos hoje em que os negros são seres inferiores aos brancos e  os conteúdos escolares devem valorizar a participação social e igualitária, ampliando a capacitação dos profissionais ligados a educação. Como explica a professora  Maria Nazaré Mota de Lima[1], coordenador-adjunta de projetos do Ceafro[2]

 (...) "A formação dos docentes é parte do projeto Escola Plural: a diversidade está na sala e seu propósito é dar condições para os professores da rede municipal de ensino de desenvolverem uma prática pedagógica que contemple a diversidade cultural presente em nossa sociedade." O primeiro passo desse processo - incluído no que chamamos Formação básica - é realizado por meio de oficinas e vivências. O professor é levado a trabalhar a sua identidade e a redefinir as concepções que possui de racismo, preconceito, ideologia, cultura, gênero e estereótipos, recebendo, ainda, a fundamentação teórica a respeito dos temas citadosHTTP:///revistaeducação.uol.com.br/textos.acessado  16/05/09 19:12hs

            O mau investimento da educação brasileira traz conseqüências graves para a sociedade, o maior deles é o preconceito contra o “diferente” em que o governo simplesmente aprova leis que tem a intenção de eliminar esse problema mais na verdade só  quer  se beneficiar politicamente e  não  investe  para que isso aconteça. A lei 10.639/03 que tem a intenção de valorizar e introduzir a cultura africana na educação, que foi sancionada em janeiro de 2003 até hoje não é possível perceber atitudes concretas que possa introduzi-la no âmbito social e educacional brasileiro. Porém alguns livros buscaram se adaptar a lei, mas infelizmente os conteúdos continuam sendo sucinto  e de forma insignificante




Monica e Marcia

O Branqueamento

A educação é  a arma mais poderosa
 que você pode usar para mudar o mundo.

Nelson Mandela
BRANQUEAMENTO : COMPREENDE-LO PARA ENTEDER AS RELAÇOES ETNO- RACIAIS.
Para podermos compreender melhor o processo de desvalorização que o negro representa na sociedade é importante analisarmos uma passagem histórica muito importante que ficou como uma chaga denominada BRANQUEAMENTO, que é o clareamento da população brasileira, que iniciou-se  no final do século XIX e inicio do XX. Seu objetivo principal era que um prazo de 40 a 50 anos extinguir completamente os negros da sociedade brasileira.
Com isso ocorreu várias formas de branqueamento, o biológico, estético e ideológico.
Fizeram o negro acreditar que eram seres inferiores, que a pigmentação de sua pele era uma doença e que a cura ainda não havia sido encontrada.
Para conseguirem o embranquecimento, muitos negros acreditavam que comendo barro, ingerindo muito mais leite, passando água sanitária no corpo, tomando banhos demorados com muito mais sabão, não se expondo ao sol,e usando produtos para alisar os cabelos. Muitos eram  iludidos com produtos que prometiam clarear a pele.
 o projeto de branqueamento funcionou isso não podemos negar . Algo que veio “de cima” ,ganhou legetimidade de tal modo que brancos e negros após algumas gerações passaram a viver a realidade do preconceito a uma cruel desvalorização da cor da pele negro
Bonzato Eduardo Antonio, MANUAL DE CONTRA –HISTÓRIA NA ANTI MODERNA,2008



Uma Invenção Maravilhosa! 

"O cabelisador"
Alisa o cabello o mais crespo sem dor
Uma causa que até agora parecia impossível e que constituía o sonho dourado de milhares e milhares de pessoas, já é hoje uma realidade irrefutável.
Quem teria jamais imaginado que seria possível alisar o cabello, por mais crespo que fosse, tornando-o comprido e sedoso
              (O Clarim D'Alvorada, São Paulo, 13/5/1930).










Atualmente ainda encontramos vários relatos de pessoas  que durante a infância queriam ser brancas com cabelos lisos para serem consideradas “gente”, como os exemplos a seguir.
            “Queria entender porque eu era preta, será que na fila do céu, a água acabou e eu nasci suja? E meu cabelo porque era curto e ruim colocava panos na cabeça para parecer que tinha um cabelo grande e liso , balançava, balançava , um dia perguntei para minha mãe se meu cabelo era curto e ruim porque o dela era assim e porque eu era preta  ela me olhou colocou um pequeno sorriso no rosto ,  não soube responder”
( Maria Rita da Silva, 25 anos, diarista)
Quando pequena, sempre ouvir os meus colegas de escola, me chamarem de preta do cabelo duro, cabelo de Bombril e picolé de betume( pinche de asfalto). E para que isso não me incomodasse perguntei para minha irmã – se eu cortasse o meu cabelo e passasse o gilete do meu pai e quando meu cabelo começasse a crescer eu passando  alisante, o meu cabelo cresceria liso, minha irmão então me disse que não, pois meu cabelo seria sempre crespo, desse dia em diante passei a me aceitar como a pessoa que sou hoje não tenho nenhuma vontade de mudar para agradar outras pessoas, ouvir da minha irmã que sou negra e não preta e que preto é tinta, tinta é artificial e eu sou natural
( Edith Ferreira dos Santos, 35 anos, universitária)

Porém o grande triunfo do branqueamento foi no aspecto biológico e social, em que se deu inicio da “desnegração”, em que homens e mulheres negras eram induzidos a casar com pessoas da cor de pele branca, Para que a sua geração futura não houvesse mais nenhum vestígio da raça negra. Algumas pessoas eram descriminados na própria comunidade negra por terem se casados com pessoas da cor negra, pois eles acreditavam que ao se casar com uma pessoa branca, o negro estariam melhorando e aprimorando a sua raça , além de uma grande ascensão social.
A ideologia do branqueamento, em certas circunstâncias, apresentava desdobramento no terreno biológico. A premissa era de que o negro melhoraria biologicamente sua raça casando com alguém mais claro. Este instrumento ideológico incidia nas relações intrafamiliares. Para se desvencilhar dos recalques, os pais incentivavam os filhos a casarem com pessoas não-negras - o ideal seria de cor branca - na esperança de que seus netos, bisnetos, e assim por diante, parecessem cada vez menos com a filiação afro-negra. Se a criança nascesse mais clara que os pais, consideravam uma vitória, porém, caso a criança fosse mais escura, sentiam-se derrotados. Domingues, Petrônio José Negros, de almas brancas? A ideologia do branqueamento no interior da comunidade negra em São Paulo, 1915-1930 Centro de Estudos Afro-Asiáticos

Um aliado muito importante para o fortalecimento do embranquecimento foi a imprensa que popularizou e divulgou produtos e ideologias que fortaleceram e mascararam a supremacia da raça branca sobre a negra.
             
 O que devemos fazer é [...] o seguinte:
Não pretendemos perpetuar a nossa raça, mas, sim, infiltramo-nos no seio da raça privilegiada - a branca, pois, repetimos, não somos africanos, mas puramente brasileiros. (O Bandeirante, São Paulo, 9/1918:3)Apud Domingues, Petrônio José Negros de almas brancas? A ideologia do branqueamento no interior da comunidade negra em São Paulo, 1915-1930)
Apesar do branqueamento se pouco analisado nas passagens  históricas ainda podemos perceber que ele ainda tem uma grande influencia na formação social do Brasil, só que não de forma transparente que nos impede de lutarmos, pois os dados comprovam que apesar do discurso de igualdade racial ainda podemos perceber que a ainda há a supremacia da raça branca sobre as negras.
Segundo pesquisa realizada partir de dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em 2003 mostrou que no Brasil 47% dos negros são pobres e 21,2%, indigentes – enquanto entre os brancos, 22,4% são pobres e 8,4%, indigente, a taxa de mortalidade infantil é de 76,1 por mil. Entre crianças brancas o número cai para 45,7 por mil. O rendimento das famílias brancas é 2,3 vezes maior que o das famílias negras – e mais de 50% da população negra está em situação de pobreza em 12 Estados.
O analfabetismo, entre pessoas com 15 anos ou mais, é de 18% entre negros e 8% entre brancos. A população em idade mais produtiva, entre 25 e 44 anos, tem 8,1 anos de estudo, em média, entre os brancos. Entre os negros, 5,8 anos de estudo. Enquanto 10% da população branca tem grau superior, apenas 2,5% dos negros estão na mesma condição.
Os negros são 69,3% dos 10% mais pobres, enquanto os brancos representam 32,3%. Dos 1% mais ricos, os negros são 8% e os brancos, 88,8%.

Pesquisas como essas afirmam que no Brasil existe sim uma grande desigualdade social, econômica e racial e que os negros continuam em grande desvantagens em relação aos brancos, pois o falso discurso de que somos todos iguais , impede que seja realizada uma discussão onde se perceba e busque soluções para o problema, cuja a intenção não seja o “revanchismo” ,  mas  que as futuras gerações possam fazer parte sim de uma sociedade justa e igualitária


 O branqueamento no contexto  escolar.

 A escola mesmo sem perceber acabou ajudando a fortalecer o branqueamento , pois varias situações e acontecimento contribuíram para isso.
 Na maioria dos livros didáticos e os paradidáticos, como os livros de historia, jornais e revista, mostraram apenas pessoas brancas como referencial e os negros como sinônimos de escravidão, miséria, desgraças e violência sempre em situações de inferioridades.
“ Quase que sem  exceção os negros aparecem nesses materiais para ilustrar o período escravista do Brasil,( colônia e império), ou então em situações de  desprestigio social. A utilização desse recursos evidencias um processo  de socialização marcando pela hegemonização da cultura branca e  inclua a imagem do indivíduo branco como única referencia positiva.”l(caderno de texto saberes e fazeres modo de ver p.88)
Nas relações internas da sala de aula podemos observar situações onde a discriminação e o preconceito é visto como um fato natural, onde crianças e professores ainda continuam colocando apelidos e refêrencia negativo como aquele “negrinho” “cabelo de bombril” “apagão” ente outros.
Ele me disse vai seu macaco, falei para professora o Carlos esta me xingado de macaco ela me disse não liga não ele é um bobão a sala inteira deu risadas mas Carlos continuou me xingando baixinho e a professora nem viu (Gustavo Oliveira 7 anos estudante de ensino fundamental)
 Me Xingam  de macaco preto um menino que é quase da minha cor, mas não ligo ele é preto também só o cabelo de que é um pouco mas liso que o meu. ( João Victor dos santos 7 anos estudante do ensino fundamenta)
O fato que se mostram na sociedade como reações  engraçada, sem importância, o que impede que se perceba a atuação do processo de branqueamento  e se leve a uma discussão com o intuito de valorizar todas as culturas.
E o principal  efeito que foi desvalorização do negro em todo contexto social do Brasil, praticamente apagarão todos personagens negros da historia, a contribuição africana na formação da sociedade brasileira ,a negação da diversidade cultura e étnica que tirou o direito de todos os brasileiros independente da cor da pele,conhecer outras culturas , valorizar a sua própria origem, e assim respeitar , o modo , a forma a qual o indivíduo faz sua escolhas de vida           pcn de historia  
Esses acontecimentos são entendidos como simples detalhe do dia a dia escolar , impedir que a sociedade perceba e discuta as relações étnicas  existente no Brasil mas não com intuito  sobressair uma cultura , e sim entender que cada uma  tem sua importância e que deve ser respeitada . ‘’A escola precisa se organizar para desmontar todos a importância da pluralidade racial étnica da sociedade’’ (caderno de texto saberes e fazeres modo de ver p. 88) pois é chegada a hora de todos contarem a sua historia , onde a lei 10639/2003 saia do papel e chegue a toda sociedade podendo assim futuramente eliminar toda e qualquer ação que desmoralize o ser humano.
1.3 As conseqüências do branqueamento na escola
Pra a lei 10639/2003 realmente torne-se real é importante que as instituições educacionais proporcionem momentos de discussões sobre as diversidades culturais em diferentes momentos para poder atingir significativamente diversos grupos étnicos raciais evitando assim o silencio que continua imperando nas escolas e que dificultam o educando de criar senso critico e ter argumentos para eliminar qualquer forma de discriminação e seus derivados do cotidiano escolar.
Esse silêncio traz várias conseqüências para o aluno como atitudes de competição e interiorização de  chamada “hierarquia” racial, que de forma inconsciente  acredita –se  que o negro é inferior ao branco despertando assim sentimentos de desvalorização  e superioridade.
Para mudar essa realidade algumas praticas devem ser mudadas como a escolha de materiais paradidáticos e didáticos, com conteúdos que não privilegie e nem desvalorize nenhuma forma de cultura existente e presente na esfera social brasileira e  transmitir  todos os conteúdos no mesmo ambiente com a mesma igualdade social.
Mostrar a diversidade étnica raciais dos profissionais, para que aja a compreensão que todos tem a mesma capacidade independente da cor da pele.
Se todos educando tiver o mesmo tratamento, a mesma valorização de suas capacidades absorvendo o que cada individuo, tem de bom na condição de ser humano.
Evitar comentários que possa constrangi o aluno, e não levar para dentro do ambiente escolar seus dogmas e estereótipos que estão interiorizados, e diante de situações o educador tem fazer o educando perceber que o diferente existe e tem que ser respeitado e com a situação a qual foi levantada em sala de aula saber tirar aproveito para contribuir para o conhecimento.
 O conhecimento do “outro” possibilita, especialmente, aumentar o conhecimento do estudante sobre si mesmo, á medida que conhece outras formas de viver, diferentes historias de vividas pelas diversas cultura, de tempos e espaço diferentes. Conhecer o “outro” e o “nós” significa comparar situações e estabelecer relações e, nesse processo comparativo e relacional, o conhecimento do aluno sobre si mesmo, sobre seu grupo sua região e seu pais aumenta consideravelmente.”(O conhecimento histórico característica e importância social p.33)
Para poder formar uma sociedade onde todos saibam lutar pelos seus direitos, buscando soluções significativas com grandes atitudes em favor da raça humana e para formação de crianças com  senso critico, comprometidas com a formação de um povo preocupado com cidadania e democracia.
Monica e Marcia
        .          


  

terça-feira, 24 de maio de 2011

O vestibular como funil socio-económico

Muitos jovens brasileiros entendem que o acesso a uma Universidade Pública, é só para um grupo privilegiado. Um caminho empinado ladeira acima. Um morro a ser pacificado, onde em cada viela, esconde-se uma treta.  Para quem passa pelas aulas do ensino publico,  trata-se de um sonho impossível.  Por que lá, tudo falta, e sobre tudo motivação e preparo para o exame vestibular. Então: O que fazer?

No 1ro. Encontro dos Alunos e Professores da “Rede Emancipa” falou-se de tudo isso e de como fazer-lo. No Auditório da Faculdade de Medicina da USP, reuniram-se, alunos e professores dos Cursinhos Populares, debatendo a criação de novas realidades de forma coletiva, no cenário estudantil.

“Como mudar...? no se pode mudar parado...! todos acreditam que os jovens, estão no comodismo e alienados” afirma Emerson Fernanddo do Cursinho “Edson Luis” da FE-USP.  O consumo pareceria que está entre seus principais objetivos de vida.
Nessa visão, a educação superior, é tratada, como mercadoria. Um produto a mais, exibido na  prateleiras  do shopping.

A organização dos Grêmios, como forma de canalizar as reivindicações e necessidades dos estudantes, foi  referencia no decorrer do evento. Luana da “Silva do Cursinho “Laudelina” do Ipiranga, expressou, que é necessário” pensar no futuro, como resultado, de uma mobilização de forma coletiva.... e não resultado de uma iniciativa  individual”. Os Grêmios de Estudantes, “tem que se juntar como movimento social” complementa Emerson.

A sensação de desconhecimento das atividades e  finalidades, das Associações de Estudantes,  foi constante nos relatórios dos grupos de debate. Varias sugestões e iniciativas foram apresentadas nesse sentido.
As atividades dos Grêmios “não devem ficar restritos a um espaço físico” sugere Stefane Moreira do  Cursinho “Paulo Freire” que funciona no bairro Tatuapé. 
Ainda que, o Grêmio deveria ter “maior preocupação pelo entorno social e ambiental onde se mora”, soma Viviane Campezate do  Butantã, onde funciona o Cursinho “Florestam Fernandes”. “Por que não,  discutir sobre política... será que se temos medo?”.

“Que falta aos jovens provar neste mundo de rotina e ruína? Cocaína? Cerveja! Barras Pesadas? ” o texto do poeta uruguaio Mario Benedetti, inspiração de muitos estudantes que fizeram  da barricada, a sua trincheira, foi leitura na voz de Joana Salem Vasconcelos.  Lembrando que: “lhes falta fazer futuro; apesar das ruínas do passado e dos sábios corruptos do presente”.

No cenário econômico atual, a Educação,  é considerada com uma das indústrias, mas lucrativas  do mercado internacional. A competitividade, e a má qualidade do ensino prevalecem. Só quem pode pagar a conta, pode escolher o cardápio. A maior poder consumo, melhor serviço.

Para a população de menor renda, as bolsas de estudo que as universidades privadas oferecem, podem beneficiar ao estudante individualmente, . Pero não garante a educação como um direito, nem  uma boa qualidade da mesma.

Bianca Boggianni Cruz, coordenadora da Rede Emancipa,  relata que em São Paulo, “89% dos jovens freqüentam a escola pública, na hora do vestibular, são esmagados  por alunos das escolas particulares, que só representam um 11% dos jovens paulistanos”. E agrega: “O vestibular funciona como um verdadeiro funil sócio-econômico, que reafirma, a cada ano, o perfil elitista da Universidade Pública”.

“Para que a educação não seja um latifúndio” é o refrão do hino da Rede Emancipa, que considera  a sua forma de ensinar,  fundada na solidariedade e na luta coletiva. Nos cursinhos populares se prepara para o vestibular, pero se questiona sua lógica perversa.

Ações afirmativas obrigatórias, e uma maior quantidade de vagas nas cotas reservadas a estudantes egressos da escola pública, e para alunos negros, e de origem indígena, foram umas das reivindicações, que serão levadas ao Congresso da UNE (União Nacional dos Estudantes). Encontro que será realizado  na cidade de Goiânia, entre os dias 13 a 17 de Julho.

Uma tentativa de recobrar o espírito da UNE, que hoje só é reconhecida entre a juventude, por fornecer um cartão de descontos, e não como uma organização, em defesa dos interesses dos estudantes brasileiros.



O que é um Cursinho Popular?
É um âmbito onde os estudantes egressos da escola pública, se preparam para o exame vestibular do Ensino Superior. Ideado como alternativa aos cursinhos comerciais, a gratuidade e a militância
tem prioridade, objetivando o exercício da  cidadania,  sendo a Educação garantida por Direito.


O que é a Rede Emancipa?
É a integração dos Cursinhos Populares que atuam em com o mesmo objetivo. A Rede, é integrada por mais de mil alunos, e cerca de 200 professores. Distribuídos, em 16 cursinhos populares em todo Brasil.



Juan Plassaras - Cursinho “Edson Luís” FE-USP