Leituras Complementares

sexta-feira, 25 de março de 2011

Amandine ou George?

Amandine Lucie Aurore Dupin, baronesa Dudevant, nasceu em Paris, França, no dia 1º de julho de 1804. Foi uma importante romancista francesa, a qual dizem ser a primeira mulher a viver integralmente de suas produções literárias. Escreveu pelo menos vinte peças teatrais e dezoito livros.

Amandine Dupin, em sua juventude
No entanto Amandine era conhecida como George Sand, seu pseudônimo travestido. É pelo menos, curioso notar que a intrigante sociedade francesa do século XIX, berço de importantíssimos escritores e pintores além de ser anfitriã do famoso lema: Liberté, égalité, fraternité (Liberdade, igualdade e fraternidade), permitiu que o machismo desenfreado e a supremacia masculina obrigassem a brilhante escritora a fantasiar-se de homem para poder ingressar na literatura. 
Destaco ainda que Amandine - ou George - como queiram, não encontrou disoluções para se tornar homem. Definitivamente, a frente de seu tempo ela quebrou muitos paradigmas, sendo a primeira a desafiar as covenções sociais usando roupas genuinamente masculinas e fumando charutos. Ultilizou-se deste fator para criticar e indagar a sociedade, tornando-se conhecida pelos casos tórridos que teve ao longo de sua vida. Em 1838, conheceu Frédéric Choupin, pianista polaco, considerado autalmente como um dos maiores compositores da história. E ao se relacionar amorosamente com ele, tornou mais paradoxal todo o conceito de machismo recaído sobre ela. Afinal de contas, ela era George Sand para todos. Isso significaria que estranhamente Choupin e George eram homossexuais. Os burburinhos da agitada sociedade boêmia francesa começaram a correr. E Choupin teve que carregar consigo, por toda a vida, olhares reprovadores. 

O estranho desfecho da história de Amandine a torna ainda mais admirável. A intolerância e a desigualdade daquela sociedade esnobe fizeram até mesmo Choupin ser recriminado, tudo porque uma mulher queria compartilhar suas ideias e trabalhar para ser independente. Como se nascer mulher fosse uma condenação perpétua à mudez e a inexpressão. Isso tudo sem levantar a questão da sexualidade, afinal, e se Choupin fosse mesmo gay?
Para se propor qualquer discussão contemporânea a respeito de machismo, ou mesmo, autoritarismo - conceitos intimamente ligados -  precisamos olhar para trás. Olhar para mulheres brilhantes que foram ofuscadas e esquecidas. Olhar para revolucionários e libertários que almejavam a igualdade social, tanto quanto, um poder estatal transparente e justo. E olhar, finalmente, para nós mesmos tentando compreender porque podemos ser tão ignorantes a cerca de coisas tão simples e claras.

Por Fabrício Dominguez

Se você quiser saber mais sobre Amandine Dupin, acesse: http://www.velhosamigos.com.br/Coletanea/coletanea22.html

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