Leituras Complementares

terça-feira, 24 de maio de 2011

O vestibular como funil socio-económico

Muitos jovens brasileiros entendem que o acesso a uma Universidade Pública, é só para um grupo privilegiado. Um caminho empinado ladeira acima. Um morro a ser pacificado, onde em cada viela, esconde-se uma treta.  Para quem passa pelas aulas do ensino publico,  trata-se de um sonho impossível.  Por que lá, tudo falta, e sobre tudo motivação e preparo para o exame vestibular. Então: O que fazer?

No 1ro. Encontro dos Alunos e Professores da “Rede Emancipa” falou-se de tudo isso e de como fazer-lo. No Auditório da Faculdade de Medicina da USP, reuniram-se, alunos e professores dos Cursinhos Populares, debatendo a criação de novas realidades de forma coletiva, no cenário estudantil.

“Como mudar...? no se pode mudar parado...! todos acreditam que os jovens, estão no comodismo e alienados” afirma Emerson Fernanddo do Cursinho “Edson Luis” da FE-USP.  O consumo pareceria que está entre seus principais objetivos de vida.
Nessa visão, a educação superior, é tratada, como mercadoria. Um produto a mais, exibido na  prateleiras  do shopping.

A organização dos Grêmios, como forma de canalizar as reivindicações e necessidades dos estudantes, foi  referencia no decorrer do evento. Luana da “Silva do Cursinho “Laudelina” do Ipiranga, expressou, que é necessário” pensar no futuro, como resultado, de uma mobilização de forma coletiva.... e não resultado de uma iniciativa  individual”. Os Grêmios de Estudantes, “tem que se juntar como movimento social” complementa Emerson.

A sensação de desconhecimento das atividades e  finalidades, das Associações de Estudantes,  foi constante nos relatórios dos grupos de debate. Varias sugestões e iniciativas foram apresentadas nesse sentido.
As atividades dos Grêmios “não devem ficar restritos a um espaço físico” sugere Stefane Moreira do  Cursinho “Paulo Freire” que funciona no bairro Tatuapé. 
Ainda que, o Grêmio deveria ter “maior preocupação pelo entorno social e ambiental onde se mora”, soma Viviane Campezate do  Butantã, onde funciona o Cursinho “Florestam Fernandes”. “Por que não,  discutir sobre política... será que se temos medo?”.

“Que falta aos jovens provar neste mundo de rotina e ruína? Cocaína? Cerveja! Barras Pesadas? ” o texto do poeta uruguaio Mario Benedetti, inspiração de muitos estudantes que fizeram  da barricada, a sua trincheira, foi leitura na voz de Joana Salem Vasconcelos.  Lembrando que: “lhes falta fazer futuro; apesar das ruínas do passado e dos sábios corruptos do presente”.

No cenário econômico atual, a Educação,  é considerada com uma das indústrias, mas lucrativas  do mercado internacional. A competitividade, e a má qualidade do ensino prevalecem. Só quem pode pagar a conta, pode escolher o cardápio. A maior poder consumo, melhor serviço.

Para a população de menor renda, as bolsas de estudo que as universidades privadas oferecem, podem beneficiar ao estudante individualmente, . Pero não garante a educação como um direito, nem  uma boa qualidade da mesma.

Bianca Boggianni Cruz, coordenadora da Rede Emancipa,  relata que em São Paulo, “89% dos jovens freqüentam a escola pública, na hora do vestibular, são esmagados  por alunos das escolas particulares, que só representam um 11% dos jovens paulistanos”. E agrega: “O vestibular funciona como um verdadeiro funil sócio-econômico, que reafirma, a cada ano, o perfil elitista da Universidade Pública”.

“Para que a educação não seja um latifúndio” é o refrão do hino da Rede Emancipa, que considera  a sua forma de ensinar,  fundada na solidariedade e na luta coletiva. Nos cursinhos populares se prepara para o vestibular, pero se questiona sua lógica perversa.

Ações afirmativas obrigatórias, e uma maior quantidade de vagas nas cotas reservadas a estudantes egressos da escola pública, e para alunos negros, e de origem indígena, foram umas das reivindicações, que serão levadas ao Congresso da UNE (União Nacional dos Estudantes). Encontro que será realizado  na cidade de Goiânia, entre os dias 13 a 17 de Julho.

Uma tentativa de recobrar o espírito da UNE, que hoje só é reconhecida entre a juventude, por fornecer um cartão de descontos, e não como uma organização, em defesa dos interesses dos estudantes brasileiros.



O que é um Cursinho Popular?
É um âmbito onde os estudantes egressos da escola pública, se preparam para o exame vestibular do Ensino Superior. Ideado como alternativa aos cursinhos comerciais, a gratuidade e a militância
tem prioridade, objetivando o exercício da  cidadania,  sendo a Educação garantida por Direito.


O que é a Rede Emancipa?
É a integração dos Cursinhos Populares que atuam em com o mesmo objetivo. A Rede, é integrada por mais de mil alunos, e cerca de 200 professores. Distribuídos, em 16 cursinhos populares em todo Brasil.



Juan Plassaras - Cursinho “Edson Luís” FE-USP

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