Leituras Complementares

sexta-feira, 27 de maio de 2011

O Branqueamento

A educação é  a arma mais poderosa
 que você pode usar para mudar o mundo.

Nelson Mandela
BRANQUEAMENTO : COMPREENDE-LO PARA ENTEDER AS RELAÇOES ETNO- RACIAIS.
Para podermos compreender melhor o processo de desvalorização que o negro representa na sociedade é importante analisarmos uma passagem histórica muito importante que ficou como uma chaga denominada BRANQUEAMENTO, que é o clareamento da população brasileira, que iniciou-se  no final do século XIX e inicio do XX. Seu objetivo principal era que um prazo de 40 a 50 anos extinguir completamente os negros da sociedade brasileira.
Com isso ocorreu várias formas de branqueamento, o biológico, estético e ideológico.
Fizeram o negro acreditar que eram seres inferiores, que a pigmentação de sua pele era uma doença e que a cura ainda não havia sido encontrada.
Para conseguirem o embranquecimento, muitos negros acreditavam que comendo barro, ingerindo muito mais leite, passando água sanitária no corpo, tomando banhos demorados com muito mais sabão, não se expondo ao sol,e usando produtos para alisar os cabelos. Muitos eram  iludidos com produtos que prometiam clarear a pele.
 o projeto de branqueamento funcionou isso não podemos negar . Algo que veio “de cima” ,ganhou legetimidade de tal modo que brancos e negros após algumas gerações passaram a viver a realidade do preconceito a uma cruel desvalorização da cor da pele negro
Bonzato Eduardo Antonio, MANUAL DE CONTRA –HISTÓRIA NA ANTI MODERNA,2008



Uma Invenção Maravilhosa! 

"O cabelisador"
Alisa o cabello o mais crespo sem dor
Uma causa que até agora parecia impossível e que constituía o sonho dourado de milhares e milhares de pessoas, já é hoje uma realidade irrefutável.
Quem teria jamais imaginado que seria possível alisar o cabello, por mais crespo que fosse, tornando-o comprido e sedoso
              (O Clarim D'Alvorada, São Paulo, 13/5/1930).










Atualmente ainda encontramos vários relatos de pessoas  que durante a infância queriam ser brancas com cabelos lisos para serem consideradas “gente”, como os exemplos a seguir.
            “Queria entender porque eu era preta, será que na fila do céu, a água acabou e eu nasci suja? E meu cabelo porque era curto e ruim colocava panos na cabeça para parecer que tinha um cabelo grande e liso , balançava, balançava , um dia perguntei para minha mãe se meu cabelo era curto e ruim porque o dela era assim e porque eu era preta  ela me olhou colocou um pequeno sorriso no rosto ,  não soube responder”
( Maria Rita da Silva, 25 anos, diarista)
Quando pequena, sempre ouvir os meus colegas de escola, me chamarem de preta do cabelo duro, cabelo de Bombril e picolé de betume( pinche de asfalto). E para que isso não me incomodasse perguntei para minha irmã – se eu cortasse o meu cabelo e passasse o gilete do meu pai e quando meu cabelo começasse a crescer eu passando  alisante, o meu cabelo cresceria liso, minha irmão então me disse que não, pois meu cabelo seria sempre crespo, desse dia em diante passei a me aceitar como a pessoa que sou hoje não tenho nenhuma vontade de mudar para agradar outras pessoas, ouvir da minha irmã que sou negra e não preta e que preto é tinta, tinta é artificial e eu sou natural
( Edith Ferreira dos Santos, 35 anos, universitária)

Porém o grande triunfo do branqueamento foi no aspecto biológico e social, em que se deu inicio da “desnegração”, em que homens e mulheres negras eram induzidos a casar com pessoas da cor de pele branca, Para que a sua geração futura não houvesse mais nenhum vestígio da raça negra. Algumas pessoas eram descriminados na própria comunidade negra por terem se casados com pessoas da cor negra, pois eles acreditavam que ao se casar com uma pessoa branca, o negro estariam melhorando e aprimorando a sua raça , além de uma grande ascensão social.
A ideologia do branqueamento, em certas circunstâncias, apresentava desdobramento no terreno biológico. A premissa era de que o negro melhoraria biologicamente sua raça casando com alguém mais claro. Este instrumento ideológico incidia nas relações intrafamiliares. Para se desvencilhar dos recalques, os pais incentivavam os filhos a casarem com pessoas não-negras - o ideal seria de cor branca - na esperança de que seus netos, bisnetos, e assim por diante, parecessem cada vez menos com a filiação afro-negra. Se a criança nascesse mais clara que os pais, consideravam uma vitória, porém, caso a criança fosse mais escura, sentiam-se derrotados. Domingues, Petrônio José Negros, de almas brancas? A ideologia do branqueamento no interior da comunidade negra em São Paulo, 1915-1930 Centro de Estudos Afro-Asiáticos

Um aliado muito importante para o fortalecimento do embranquecimento foi a imprensa que popularizou e divulgou produtos e ideologias que fortaleceram e mascararam a supremacia da raça branca sobre a negra.
             
 O que devemos fazer é [...] o seguinte:
Não pretendemos perpetuar a nossa raça, mas, sim, infiltramo-nos no seio da raça privilegiada - a branca, pois, repetimos, não somos africanos, mas puramente brasileiros. (O Bandeirante, São Paulo, 9/1918:3)Apud Domingues, Petrônio José Negros de almas brancas? A ideologia do branqueamento no interior da comunidade negra em São Paulo, 1915-1930)
Apesar do branqueamento se pouco analisado nas passagens  históricas ainda podemos perceber que ele ainda tem uma grande influencia na formação social do Brasil, só que não de forma transparente que nos impede de lutarmos, pois os dados comprovam que apesar do discurso de igualdade racial ainda podemos perceber que a ainda há a supremacia da raça branca sobre as negras.
Segundo pesquisa realizada partir de dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em 2003 mostrou que no Brasil 47% dos negros são pobres e 21,2%, indigentes – enquanto entre os brancos, 22,4% são pobres e 8,4%, indigente, a taxa de mortalidade infantil é de 76,1 por mil. Entre crianças brancas o número cai para 45,7 por mil. O rendimento das famílias brancas é 2,3 vezes maior que o das famílias negras – e mais de 50% da população negra está em situação de pobreza em 12 Estados.
O analfabetismo, entre pessoas com 15 anos ou mais, é de 18% entre negros e 8% entre brancos. A população em idade mais produtiva, entre 25 e 44 anos, tem 8,1 anos de estudo, em média, entre os brancos. Entre os negros, 5,8 anos de estudo. Enquanto 10% da população branca tem grau superior, apenas 2,5% dos negros estão na mesma condição.
Os negros são 69,3% dos 10% mais pobres, enquanto os brancos representam 32,3%. Dos 1% mais ricos, os negros são 8% e os brancos, 88,8%.

Pesquisas como essas afirmam que no Brasil existe sim uma grande desigualdade social, econômica e racial e que os negros continuam em grande desvantagens em relação aos brancos, pois o falso discurso de que somos todos iguais , impede que seja realizada uma discussão onde se perceba e busque soluções para o problema, cuja a intenção não seja o “revanchismo” ,  mas  que as futuras gerações possam fazer parte sim de uma sociedade justa e igualitária


 O branqueamento no contexto  escolar.

 A escola mesmo sem perceber acabou ajudando a fortalecer o branqueamento , pois varias situações e acontecimento contribuíram para isso.
 Na maioria dos livros didáticos e os paradidáticos, como os livros de historia, jornais e revista, mostraram apenas pessoas brancas como referencial e os negros como sinônimos de escravidão, miséria, desgraças e violência sempre em situações de inferioridades.
“ Quase que sem  exceção os negros aparecem nesses materiais para ilustrar o período escravista do Brasil,( colônia e império), ou então em situações de  desprestigio social. A utilização desse recursos evidencias um processo  de socialização marcando pela hegemonização da cultura branca e  inclua a imagem do indivíduo branco como única referencia positiva.”l(caderno de texto saberes e fazeres modo de ver p.88)
Nas relações internas da sala de aula podemos observar situações onde a discriminação e o preconceito é visto como um fato natural, onde crianças e professores ainda continuam colocando apelidos e refêrencia negativo como aquele “negrinho” “cabelo de bombril” “apagão” ente outros.
Ele me disse vai seu macaco, falei para professora o Carlos esta me xingado de macaco ela me disse não liga não ele é um bobão a sala inteira deu risadas mas Carlos continuou me xingando baixinho e a professora nem viu (Gustavo Oliveira 7 anos estudante de ensino fundamental)
 Me Xingam  de macaco preto um menino que é quase da minha cor, mas não ligo ele é preto também só o cabelo de que é um pouco mas liso que o meu. ( João Victor dos santos 7 anos estudante do ensino fundamenta)
O fato que se mostram na sociedade como reações  engraçada, sem importância, o que impede que se perceba a atuação do processo de branqueamento  e se leve a uma discussão com o intuito de valorizar todas as culturas.
E o principal  efeito que foi desvalorização do negro em todo contexto social do Brasil, praticamente apagarão todos personagens negros da historia, a contribuição africana na formação da sociedade brasileira ,a negação da diversidade cultura e étnica que tirou o direito de todos os brasileiros independente da cor da pele,conhecer outras culturas , valorizar a sua própria origem, e assim respeitar , o modo , a forma a qual o indivíduo faz sua escolhas de vida           pcn de historia  
Esses acontecimentos são entendidos como simples detalhe do dia a dia escolar , impedir que a sociedade perceba e discuta as relações étnicas  existente no Brasil mas não com intuito  sobressair uma cultura , e sim entender que cada uma  tem sua importância e que deve ser respeitada . ‘’A escola precisa se organizar para desmontar todos a importância da pluralidade racial étnica da sociedade’’ (caderno de texto saberes e fazeres modo de ver p. 88) pois é chegada a hora de todos contarem a sua historia , onde a lei 10639/2003 saia do papel e chegue a toda sociedade podendo assim futuramente eliminar toda e qualquer ação que desmoralize o ser humano.
1.3 As conseqüências do branqueamento na escola
Pra a lei 10639/2003 realmente torne-se real é importante que as instituições educacionais proporcionem momentos de discussões sobre as diversidades culturais em diferentes momentos para poder atingir significativamente diversos grupos étnicos raciais evitando assim o silencio que continua imperando nas escolas e que dificultam o educando de criar senso critico e ter argumentos para eliminar qualquer forma de discriminação e seus derivados do cotidiano escolar.
Esse silêncio traz várias conseqüências para o aluno como atitudes de competição e interiorização de  chamada “hierarquia” racial, que de forma inconsciente  acredita –se  que o negro é inferior ao branco despertando assim sentimentos de desvalorização  e superioridade.
Para mudar essa realidade algumas praticas devem ser mudadas como a escolha de materiais paradidáticos e didáticos, com conteúdos que não privilegie e nem desvalorize nenhuma forma de cultura existente e presente na esfera social brasileira e  transmitir  todos os conteúdos no mesmo ambiente com a mesma igualdade social.
Mostrar a diversidade étnica raciais dos profissionais, para que aja a compreensão que todos tem a mesma capacidade independente da cor da pele.
Se todos educando tiver o mesmo tratamento, a mesma valorização de suas capacidades absorvendo o que cada individuo, tem de bom na condição de ser humano.
Evitar comentários que possa constrangi o aluno, e não levar para dentro do ambiente escolar seus dogmas e estereótipos que estão interiorizados, e diante de situações o educador tem fazer o educando perceber que o diferente existe e tem que ser respeitado e com a situação a qual foi levantada em sala de aula saber tirar aproveito para contribuir para o conhecimento.
 O conhecimento do “outro” possibilita, especialmente, aumentar o conhecimento do estudante sobre si mesmo, á medida que conhece outras formas de viver, diferentes historias de vividas pelas diversas cultura, de tempos e espaço diferentes. Conhecer o “outro” e o “nós” significa comparar situações e estabelecer relações e, nesse processo comparativo e relacional, o conhecimento do aluno sobre si mesmo, sobre seu grupo sua região e seu pais aumenta consideravelmente.”(O conhecimento histórico característica e importância social p.33)
Para poder formar uma sociedade onde todos saibam lutar pelos seus direitos, buscando soluções significativas com grandes atitudes em favor da raça humana e para formação de crianças com  senso critico, comprometidas com a formação de um povo preocupado com cidadania e democracia.
Monica e Marcia
        .          


  

Nenhum comentário:

Postar um comentário